Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.
“Mesmo após um ano atípico, conseguimos retomar nosso crescimento e terminamos o ano exportando 37% de todo o frango brasileiro” Domingos Martins, presidente do Sindiavipar.
A avicultura brasileira tem um potencial a ser explorado pelo setor nos próximos anos. E o destino é também um país latino-americano, com economia emergente e apaixonado por futebol. Trata-se do México, que em novembro de 2018 habilitou 26 frigoríficos brasileiros a exportarem carne de frango, resultando em um aumento de 130% nos embarques nacionais do produto aos mexicanos. Segundo o Departamento das Nações Unidas para Assuntos Econômicos e Sociais (United Nations Department of Economic and Social Affairs – DESA), a nação da América do Norte tem uma população de 133,4 milhões de habitantes. Por isso, a importação dessa proteína animal gira na casa de 640 mil toneladas anualmente, visto que a produção local fica em 3,9 milhões de toneladas por ano.
Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), as receitas oriundas das importações de frango mexicanas cresceram 36,6% nos últimos dois anos, saltando de US$ 101 milhões em 2016 para US$ 138 milhões entre os meses de janeiro e outubro de 2018. Para o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, as recentes habilitações devem impactar positivamente na balança comercial ainda em 2019.
“Anteriormente tínhamos 20 plantas habilitadas para exportar ao México, e os embarques deste ano cresceram 11% nos 11 primeiros meses de 2018, passando de 94 mil toneladas no mesmo período de 2017 para 104,5 mil toneladas. Isto é uma manifestação clara de interesse em incrementar as alternativas para as importações de carne de frango brasileira, especialmente neste momento de acirramento das questões políticas junto ao principal fornecedor da proteína ao México: os EUA”, avalia Turra.
Dentro desse cenário de instabilidade entre México e Estados Unidos, principalmente pela política diplomática adotada pelo presidente norte-americano Donald Trump em relação ao seu vizinho hispânico, abre uma porta interessante não somente ao frango brasileiro, mas também para outros produtos nacionais. Para o presidente da Câmara México-Brasil, Miguel Ruiz, o Brasil deve buscar estreitar ainda mais relações com os mexicanos para a criação de novos tratados e alianças comerciais.
“A possibilidade de alcançar os volumes das negociações avícolas entre Estados Unidos e México ainda é um caminho longo para o Brasil, principalmente pela parceria já estabelecida, distância curta entre os países, a não existência de cotas de importação e principalmente, por campanhas constantes de divulgação da qualidade do produto norte-americano em nosso país. Por isso, o Brasil tem que buscar maior participação em fóruns e exposições, ampliar parcerias com cadeias comerciais locais, além de ampliar os acordos comerciais em temas de interesse as duas nações”, explica Ruiz
Um motivo de maior tranquilidade à avicultura brasileira é a reconhecida qualidade dos seus produtos, principal motivo apontado pela ABPA para a ampliação das habilitações nacionais para embarque de frango ao país latino-americano. “Em meio aos diversos concorrentes internacionais, foi junto ao Brasil que buscaram novas parcerias, com mais habilitações de plantas. Além da qualidade dos produtos, temos fatores que nos favorecem na corrida internacional, como o nosso status sanitário, já que nunca registramos Influenza Aviária em nosso território”, discorre Turra.
A população mexicana é reconhecida mundialmente pelo seu consumo de ovos, tendo cada habitante do país consumido 370 ovos em 2018, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). Por isso, o estreitamento das relações comerciais entre Brasil e México, também motivado pela qualidade do frango brasileiro, pode beneficiar outro setor da avicultura nacional. “As expectativas dessa parcial são positivas. Um fator que beneficia o futuro dessas negociações é a flexibilização do acordo entre México, Estados Unidos e Canadá, que nos permitiu ampliar nossos parceiros comerciais, com os brasileiros tendo a possibilidade de serem nossos aliados nesse aspecto.
Mas para isso é preciso uma maior estabilidade dos governos dos dois países, embora as recentes certificações garantam maior presença brasileira por aqui e ajudem o consumidor mexicano a apreciar cada vez mais a qualidade do produto brasileiro, gerando maior lealdade e continuidade desse consumo”, pontua Ruiz.
Esse otimismo também é compartilhado por Turra, até pelas já citadas relações diplomáticas turbulentas entre México e Estados Unidos. “Em meio às tensões do ‘Norte’, o Brasil pode fortalecer sua posição como parceiro confiável para a garantia de segurança alimentar e oferta de produtos aos mexicanos.
Mas independentemente da situação política entre os países, o Brasil já conquistou a confiança deste mercado antes mesmo dessa situação e o fez pela qualidade e sanidade de nossa produção. Assim entendemos que independentemente do panorama político, há espaço para fortalecer ainda mais as relações comerciais entre os dois países no mercado de carne de aves.
“As recentes certificações garantem maior presença brasileira por aqui e ajudam o consumidor mexicano a apreciar cada vez mais a qualidade do produto brasileiro” Miguel Ruiz, presidente Camebra
O maior produtor e exportador do frango nacional não poderia ficar de fora desse estreitamento da parceria entre Brasil e México. E uma das empresas paranaenses recém-habilitadas para embarcar seus produtos é a Frangos Pioneiro, localizada no município de Joaquim Távora, região norte-pioneira do estado. O sócio-diretor da empresa, Fabio Thibes, confirmou a importância da abertura do mercado mexicano para o crescimento das atividades do grupo.
“O México, é um mercado em crescente importação de proteína do frango. Em 2018 teve um incremento de 8% no volume importado se comparado a 2017 e com perspectivas maiores para 2019. Isto é um ótimo sinal para a receita da empresa na diversidade de mercados de atuação trazendo efeitos positivos na exportação. É um mercado de atuação mais estratégica e com parcerias bem estabelecidas, da quais já temos, sendo hoje um de nossos parceiros mais antigos”, indica Thibes.
Para o presidente do Sindiavipar, Domingos Martins, a qualidade do frango paranaense permite que o estado continue a manter suas exportações, mesmo com a saída de algum parceiro comercial, como o caso da União Europeia em 2018. “Temos que sempre estarmos atentos ao mercado internacional, principalmente em novas oportunidades. Quando se tem para oferecer um produto com qualidade reconhecida e preço competitivo você já consegue sair na frente de seus rivais. Sempre buscamos atender da melhor forma nossos parceiros comerciais, mas caso a avaliação comercial dele seja por encerrar esse vínculo, conseguimos encontrar novas alianças sem precisar diminuir nossa produção”, contextualiza Martins.
Prova dessa competitividade é a projeção do Sindiavipar de crescimento entre 4% e 5% para a avicultura paranaense em 2019. “Mesmo após um ano atípico, conseguimos retomar nosso crescimento e terminamos o ano exportando 37% de todo o frango brasileiro”, disserta Martins. A expectativa também é alta para a Frangos Pioneiro, que além do México, espera explorar novas oportunidades comerciais nesse ano. “ Precisamos pensar em nossas expandir mercados exigentes, já que nossa planta atualmente é formada por uma extensa área e capacidade para desossa, o que nos coloca em condições de buscar os mercados da Europa, China e Rússia, além de fortalecer nossa atuação com os parceiros conquistados nos últimos anos”, coloca Thibes.
Atualmente os principais parceiros comerciais da avicultura paranaense são a África do Sul, que assumiu o posto de maior importador do frango paranaense em 2018, com 212,3 mil toneladas recebidas. Em sequência aparece a China, que registrou o maior crescimento de importação no ano (14,1% de alta e 168,7 mil de toneladas recebidas). E fechando o pódio está a Arábia Saudita, líder nas importações em 2017, com 162,4 mil de toneladas no total. Será que ao final de 2019, o México irá desbancar esse trio?
A ABPA também encara com otimismo o cenário avícola para 2019, principalmente nas possibilidades comerciais para esse ano. “Acreditamos que as vendas para a China (que sofre um problema de oferta de produtos suínos no mercado interno devido às ocorrências de Peste Suína Africana, o que deve influenciar também a demanda por frango), para os países das Américas e da África devam seguir em bom ritmo ao longo de 2019. Confiamos, ainda, que, nossas parcerias comerciais com o mercado halal seguirão sólidas, como também os negócios com a União Europeia e com países da Ásia”, finaliza Turra.
130% é a expectativa de crescimento dos embarques de frango aos mexicanos
640 mil toneladas são importadas pelo México anualmente
O Sindiavipar foi fundado em 19 de novembro de 1992, e representa abatedouros e incubatórios de produtos avícolas paranaenses.
Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.